Quando você encontra aquela pessoa especial, é normal sentir o coração acelerar, as borboletas baterem asas no estômago e até uma certa dificuldade para respirar, certo? No entanto, aquilo que muitos consideram sintomas de uma paixão pode extrapolar esse limite e se transformar em um verdadeiro ataque de pânico. Trata-se da filofobia — você já ouviu falar sobre esse transtorno?

Então, continue lendo o post! Por aqui, eu vou contar:

  • O que é filofobia?;
  • Quais são os sintomas da filofobia?;
  • Quais são as causas da filofobia?;
  • Quais são as implicações da filofobia?;
  • Existe tratamento para filofobia?;
  • Conclusão.

O que é filofobia?

A filofobia é um medo irracional e patológico de se apaixonar ou de amar alguém. Ou seja, é uma condição em que a pessoa simplesmente se apavora ao perceber a possibilidade de desenvolver um apego emocional.

Quais são os sintomas da filofobia?

Enfim, como saber se uma pessoa realmente está apresentando um quadro de filofobia ou se tem o medo normal de iniciar um novo relacionamento?

Afinal, em alguma medida, a maioria de nós tem um certo receio de se apaixonar. Nunca sabemos se o outro tem as mesmas intenções que nós, se o relacionamento dará certo ou se a pessoa é digna da nossa confiança.

Porém, a maioria de nós supera esse receio e, depois de analisar a situação, decide se jogar ou não nessa nova paixão. Certamente o medo funciona como um alerta, mas não como um fator limitante.

Aliás, isso não acontece com quem sofre de filofobia. Nesse caso, o transtorno realmente limita suas ações e, como veremos mais à frente, pode afetar até mesmo os relacionamentos não românticos. Eventualmente, a pessoa pode se isolar, reagir de forma agressiva ou ter sintomas físicos quando alguém se aproxima com a intenção de desenvolver um laço afetivo. Entre os principais sintomas da filofobia, estão:

Sintomas físicos

  • Aceleração dos batimentos cardíacos;
  • Sudorese (suor excessivo);
  • Tremores;
  • Tontura;
  • Dificuldade para respirar;
  • Náuseas;
  • Boca seca;
  • Dor de estômago;
  • Choro;
  • Necessidade de fuga;
  • Sensação de fraqueza;
  • Visão turva;
  • Ataques de pânico.

Sinais emocionais

Outras vezes, a pessoa que sofre de filofobia não tem esses sintomas físicos, pelo menos de maneira tão evidente. Entretanto, ele se auto-sabota, evitando situações que podem levar a investidas de pessoas do sexo oposto. Dessa maneira, ele fará o possível para não conhecer pessoas interessantes ou se isso acontecer, terá um comportamento capaz de afastá-las para que não haja qualquer iniciativa de envolvimento.

Além disso, outra característica de quem tem filofobia é apostar em relacionamentos que evidentemente não darão certo. Ele se envolve com pessoas com as quais não tem a menor química e nem sentimento, apenas para confirmar que está destinado ao fracasso amoroso. Isso significa que, às vezes, ele desenvolve uma paixão platônica por pessoas inatingíveis, como um cantor famoso ou artista de cinema, por exemplo. Assim, o amor continua fora de sua realidade.

Desse modo, vale destacar que os sintomas variam e nem todas as pessoas apresentam o mesmo conjunto. Aliás, muitas vezes quem sofre com a filofobia não tem a menor consciência de seu transtorno e não consegue explicar o que realmente sente. Assim, amigos e familiares à sua volta não entendem o que está se passando e não têm ideia de como agir para ajudá-lo.

Quais são as causas da filofobia?

Não existe um consenso definido a respeito das causas da filofobia. Ainda assim, muitos especialistas relacionam essa condição patológica a alguns fatores. Veja quais são:

Traumas de infância

Algumas vezes, o problema não está nos relacionamentos que a própria pessoa viveu, mas naqueles que presenciou, até mesmo na infância. Então, se a criança testemunhou um casamento conturbado dos seus pais, ela pode desenvolver a filofobia na vida adulta, primeiramente. Desse modo, ela passa a associar os laços emocionais a situações de extrema ansiedade, gerando uma aversão a eles.

Alguns exemplos de condições familiares que servem como gatilhos para a filofobia são:

  • Pais emocionalmente distantes e pouco empáticos;
  • Ambiente familiar agressivo;
  • Convivência com parentes abusivos;
  • Brigas frequentes na frente da criança.

Essas são algumas das razões que fazem diversos casos de filofobia surgirem ainda na infância. 

Traumas relacionados a relacionamentos passados

Porém, outros casos de filofobia surgem a partir da adolescência ou até mesmo na vida adulta. Por exemplo, em virtude da puberdade, é normal que os hormônios comecem a despertar o desejo e a busca por contatos amorosos. Nessa etapa, processos de rejeição e desilusões podem dar início às crises de ansiedade, que se tornarão em transtorno.

Há pessoas que desenvolvem o transtorno até mesmo na fase adulta. Isso acontece quando seu histórico de relacionamentos passados é traumático. Então, se a pessoa já se envolveu com outras e isso a fez experimentar um grande sofrimento, é possível que ela desenvolva esse medo irracional de se apaixonar novamente.

Relacionamentos conturbados ou abusivos e divórcios que envolveram grandes traumas são alguns dos gatilhos que podem despertar a filofobia. A pessoa associa a formação de laços afetivos com dor ou rejeição. Por isso, passa a evitá-los.

Existem casos de pessoas que se tornam filofóbicas após os 40 anos, por exemplo. Os especialistas veem essa faixa etária como aquela em que muitos casamentos se dissolvem, terminando em divórcio. A soma dos traumas com o relacionamento anterior com a ansiedade dos novos encontros pode levar ao desenvolvimento da fobia.

Internalização de normas culturais

Em algumas sociedades, as pessoas têm uma visão bastante distorcida dos relacionamentos. Elas foram ensinadas, de forma implícita ou explícita, que o envolvimento emocional ou físico é algo errado, transgressor ou, de acordo com algumas crenças religiosas, um pecado. 

Por medo de punições imediatas ou eternas, elas passam a se blindar dos relacionamentos amorosos. Elas evitam o contato com pessoas do sexo oposto e, ao perceberem o menor sinal de interesse, se comportam de forma hostil para afastar o outro.

Depressão

Existem pessoas que, embora tenham se relacionado ao longo da vida, podem se sentir menos confiantes para desenvolverem laços afetivos durante uma depressão. Nesse momento, elas estão com sua autoestima afetada pela doença e sua visão de si mesmas e dos outros é afetada negativamente.

Quais são as implicações da filofobia?

Normalmente, o primeiro ponto que as pessoas destacam é a dificuldade para estabelecer um relacionamento amoroso. No entanto, em vários casos esse transtorno pode afetar outras áreas da vida como trabalho, convivência familiar, lazer, estudos e círculos sociais.

Portanto, quem possui filofobia passa a acumular uma série de prejuízos. Ela evita se relacionar com as pessoas para não perder o controle das situações,com o objetivo de se proteger da rejeição e de decepções. Até mesmo em relação aos amigos! Ela detesta sentir que alguém está se tornando íntimo demais, o que se reflete também nos relacionamentos amorosos.

No entanto, a longo prazo ela passa a ter uma vida socialmente isolada e pouca participação em eventos de recreação e lazer, o que pode torná-la infeliz e solitária.

Existe tratamento para filofobia?

Felizmente, existem tratamentos possíveis para quem sofre com a filofobia. Conheça algumas das opções:

Terapia Comportamental Cognitiva (TCC)

De forma muito simplificada, podemos dizer que a nossa reação a determinadas circunstâncias da vida se deve aos pensamentos que possuímos.

Tudo o que aconteceu ao longo da nossa história programa nossa mente para reagir a uma série de situações, inclusive à possibilidade de amar. Portanto, se a nossa programação mental diz que o amor é um problema, a resposta realmente pode ser a ansiedade, o medo, a frustração.

O terapeuta atua no sentido de ajudar a pessoa a reconhecer esses pensamentos e como eles estão criando a fobia. Nas sessões, ele conduz a conversa para que o paciente reavalie esses conceitos, levando-o a uma mudança de perspectivas e de comportamento, inclusive em relação ao amor.

Terapia exposta ou dessensibilização

Nesse tipo de abordagem, o terapeuta expõe o paciente a situações relacionadas à sua fobia. Isso pode acontecer por meio de filmes, de encenações ou de interações com outras pessoas. O profissional observa as reações e atua no sentido de ajudar a pessoa a analisá-las e aprender a dar uma resposta adequada.

Ademais, se a pessoa é exposta a essas situações com regularidade, ela poderá adotar uma postura mais racional diante da realidade. A ansiedade será reduzida gradualmente, fazendo com que o paciente tenha uma perspectiva diferente e esteja mais aberto à interação com o sexo oposto.

Medicação

Em alguns casos, o médico pode receitar uma medicação para ajudar a controlar o sofrimento e reduzir a ansiedade. Porém, é sempre importante usá-los como um paliativo temporário e buscar por uma solução definitiva, que é entender a si mesmo e mudar os padrões mentais que levaram ao desenvolvimento desse medo irracional.

Sem o tratamento adequado, a filofobia pode evoluir para um quadro de comportamento totalmente antissocial e depressão severa. Por isso, essa é uma condição que merece atenção e, quanto antes for identificada e tratada, melhor é a qualidade de vida do paciente.

Conclusão

O fato é que o passado tem uma forte influência sobre como você encara seus relacionamentos hoje. Certamente seria simples dizer a quem tem filofobia, que simplesmente deixe tudo isso para trás e se concentre no fato de que as histórias são únicas, e de que o amor atual não necessariamente quebrará seu coração como aquela paixão do passado.

Porém, é preciso entender que para algumas pessoas não é fácil “virar a chave”. Por isso, quem sofre com a filofobia precisa de ajuda profissional e deve procurá-la o quanto antes para não agravar o seu estado e nem se privar de uma vida amorosa plena e satisfatória.

Entendeu o que é filofobia? Já tinha ouvido a respeito desse problema? Achou que esse conhecimento é importante para muitas pessoas? Então não perca tempo! Compartilhe-o nas redes sociais para que mais gente consiga identificar o transtorno e tratá-lo de forma adequada!

Beijo!

Texto de Cátia Damasceno

Cátia Damasceno é Fisioterapeuta especializada em uroginecologia, coach, palestrante e idealizadora do Programa Mulheres Bem Resolvidas.