Mulherada da minha vida! Deixa eu fazer uma pergunta: você sabe como o machismo estrutural afeta seu relacionamento? Hoje eu quero te mostrar como essa realidade, acredite ou não, pode afetar como nos vemos, roubando aos poucos a nossa autoestima e a alegria na nossa vida sexual. E o mais louco? Muitas vezes, a gente só percebe isso tudo quando o estrago já está feito. Vamos juntas aprender a mudar isso?

Primeiro quero te explicar o que é o machismo estrutural

O machismo estrutural é um sistema de valores e crenças que colocam os homens em uma posição de superioridade em relação às mulheres. Ele está presente na nossa sociedade desde a época da antiguidade e se manifesta de diversas formas na nossa vida, seja nas relações de trabalho, nas familiares e lógico: nos relacionamentos amorosos.

Ele não só bagunça a relação entre casais, mas também mexe lá no fundo com a saúde mental das mulheres e até com o jeitinho que a família funciona. E eu vou te contar tudinho sobre isso agora, dá uma olhada.

Atribuição de papéis de gênero

Sabe aquele homão provedor que manda na casa? Pois é. Homens são tidos como provedores e protetores, enquanto mulheres são tidas como cuidadoras e submissas. Eles trabalham e pagam as contas, e a gente cozinha e lava, mas já tá na hora de mudar isso né? 

Essa divisão de papéis de gênero é um dos aspectos mais marcantes do machismo estrutural. Você foi ensinada dentro de casa a ser assim, ou cresceu vendo isso na novela, nos filmes, nas conversas com amigas, etc. Essa divisão é reforçada pela mídia, pela cultura e pela educação e, muitas vezes, leva a desigualdades no relacionamento, como a sobrecarga de nós mulheres.

Tenho certeza que você já viu um caso assim: Ambos, homem e mulher, trabalham fora, mas quando chegam em casa, a história muda. Ele relaxa, enquanto ela? Ah, ela segue para o segundo turno, cuidando da casa e dos filhos. Mesmo com a jornada dupla, o trabalho dela em casa muitas vezes nem é visto como trabalho de verdade, fica invisível. E lá vai ela, se desdobrando em mil para dar conta de tudo.

Controle e violência

Sabe aquele machão que grita por tudo? Pois então. Homens podem usar de violência física, psicológica ou emocional para controlar suas parceiras.

A violência doméstica é uma forma extrema de machismo estrutural. E eu sei muito bem como ela é dura com as mulheres, pois já passei por isso. Dá uma olhadinha no meu documentário e veja como foi difícil admitir para mim mesma a situação que eu estava passando e como fiz para me livrar disso de uma vez por todas!

Esse é um problema grave que afeta milhões de mulheres em todo o mundo. O machismo estrutural contribui para a violência doméstica, pois dá força à ideia de que os homens têm o direito de controlar as mulheres.

Você deve ter ouvido falar de maridos ou namorados que usam da violência física para controlar suas parceiras, trancando elas dentro de casa, proibindo de falar com outras pessoas ou até mesmo de trabalhar. Isso quando o queridão não usa de violência psicológica, fazendo ameaças ou intimidando a parceira.  

Objetificação sexual

Esse é um dos abusos mais comuns que resultam do machismo estrutural: reduzir  o papel da mulher a objetos sexuais, não considerando suas questões emocionais e psicológicas, o que frequentemente leva a abusos e exploração.

A objetificação sexual é uma forma de violência que reduz as mulheres a objetos de puro desejo sexual. O machismo estrutural contribui para essa objetificação, pois valoriza a sexualidade feminina apenas como objeto de prazer masculino. É o típico cara que fica forçando a barra para a mulher fazer o que ele quer na cama, mesmo que ela não queira e diga várias vezes isso. Ou então, aquele que goza e vai embora sem se importar com seu prazer.

Quer outro bom exemplo? Os diversos casos de assédio em que homens tocam em mulheres nas ruas, nos bares, no escritório e qualquer lugar público ou privado, sem nenhum tipo de consentimento, apenas porque eles se sentem no direito de “usar” o corpo feminino.

Efeitos do machismo na intimidade e vida sexual

Menina presta muita atenção nisso: o machismo estrutural pode ser a explicação para sua dificuldade de ter mais prazer na cama! Sabe os exemplos do cotidiano que eu citei? São justamente eles que vão pesando dia após dia, até que a gente não consiga mais relaxar e se permitir ter prazer. Confere essa lista de exemplos abaixo.

Falta de comunicação e confiança 

Se você não tem uma comunicação aberta e honesta com seu parceiro, essa falta pode levar a conflitos e problemas na vida sexual. Uma mulher que está em um relacionamento machista pode sentir medo de expressar seus desejos sexuais para o parceiro, por medo de ser julgada ou rejeitada. Isso pode levar a uma falta de comunicação sobre as necessidades e desejos sexuais de ambos os parceiros.

casal discutindo

Desejo sexual reprimido

Sabe todos aqueles fetiches e fantasias sexuais que você gostaria de fazer? O machismo estrutural não quer ver eles sendo realizados. O medo de repressão e julgamento faz com que muitas mulheres passem a acreditar que não são desejáveis sexualmente, pois não são vistas assim pelo parceiro. Isso acaba com qualquer tesão ou intimidade do casal, e afeta seriamente o relacionamento.

Violência sexual

Esse é um dos piores, mas é muito frequente e verdadeiro. O machismo estrutural pode levar a violência sexual, seja durante ou até após o relacionamento. A ideia de que os homens têm o direito de controlar o corpo das mulheres pode levar a abusos sexuais, como estupro, assédio e violência doméstica. A vida sexual aqui é quase inexistente né?

Os efeitos do machismo na vida sexual da mulher:

As mulheres são as principais vítimas do machismo estrutural. Elas podem sofrer com os efeitos do machismo em sua vida sexual de diversas formas, confira.

Menor satisfação sexual

Mulheres podem sentir menos satisfação sexual em relacionamentos machistas, pois pode dificultar a comunicação, o desejo e o prazer sexual. Por exemplo, uma mulher que está em um relacionamento machista pode não se sentir confortável em expressar seus desejos sexuais, por vários motivos, mas principalmente por se julgar antes de expor esses desejos, já internalizando crenças machistas. É comum também que amigas e familiares próximas também façam julgamentos, aumentando ainda mais a repressão sexual. Tudo isso pode levar a uma diminuição do prazer sexual.

Aumento da vulnerabilidade a abusos

Mulheres podem ser mais vulneráveis a abusos sexuais em relacionamentos machistas.O machismo pode levar as mulheres a se sentirem impotentes e sem controle sobre sua própria vida, o que as torna mais vulneráveis a abusos. Por exemplo, uma mulher que está em um relacionamento machista pode sentir medo de denunciar o abuso sexual, por medo de ser culpada ou de sofrer retaliações do parceiro.Não é raro situações onde os sentimentos da mulher são vistos como exagerados ou irrelevantes, pois nas bases de uma visão machista (e as vezes visão religiosa também) a mulher deve apenas obedecer e satisfazer o homem, o que agrava a vulnerabilidade à abusos. 

Além disso, o machismo também pode impactar diretamente o prazer sexual feminino.

Dificuldade de alcançar o orgasmo

Mulheres podem ter mais dificuldade de alcançar o orgasmo em relacionamentos machistas.Isso ocorre porque o machismo estrutural muitas vezes valoriza o orgasmo masculino em detrimento do feminino. O foco da relação sexual torna-se a satisfação do homem, deixando de lado as necessidades e prazeres da mulher. Isso pode levar a uma frustração sexual e a uma dificuldade em atingir o orgasmo.

Desconexão do próprio corpo

Mulheres podem se desconectar do próprio corpo e de suas sensações por causa do machismo. A objetificação sexual e a pressão para corresponder a padrões de beleza irreais podem levar as mulheres a se desconectar do próprio corpo e de suas sensações. Isso pode dificultar o prazer sexual e a conexão com o parceiro.

Como Superar os efeitos do Machismo Estrutural nos Relacionamentos

Como eu te mostrei nesse artigo, o machismo estrutural não é um fenômeno pequeno. Ele apresenta diversas camadas nos relacionamentos entre homens e mulheres. A superação dele por completo depende de diversos fatores e organizações das mulheres na sociedade. Por outro lado, posso te dar dicas de como você alcança relacionamentos mais saudáveis hoje, fugindo de sinais vermelhos, selecionando melhor as pessoas em que você irá confiar sua intimidade. Aqui vão alguns passos.

Conscientizar-se sobre o machismo estrutural

É importante entender como o machismo estrutural funciona e como ele pode afetar os relacionamentos. Isso pode ser feito através da leitura de livros, artigos e blogs sobre o tema, participando de grupos de discussão ou fazendo terapia.

Comunicar-se abertamente com o parceiro

É importante falar sobre o machismo estrutural com o parceiro e buscar soluções conjuntas. Procure estabelecer uma comunicação aberta e honesta com o parceiro, expressando suas necessidades e desejos, e ouvindo os dele também. É fundamental que ambos os parceiros se comprometam em desconstruir o machismo em seu relacionamento.

Buscar apoio

Existem diversos recursos disponíveis para ajudar mulheres a superar o machismo em relacionamentos. As organizações não-governamentais, centros de atendimento à mulher, terapeutas especializados e cursos ou eventos focados em oferecer apoio e orientação.

O machismo estrutural é um problema sério que afeta a vida sexual de milhões de mulheres. É importante estar ciente dos efeitos do machismo na intimidade e vida sexual, bem como das estratégias que podem ser usadas para superá-lo.

Ao se conscientizar do machismo, se comunicar abertamente com o parceiro e buscar apoio, é possível construir um relacionamento mais igualitário e prazeroso para todos.

Com o propósito de ajudar a minha audiência a se conscientizar e se empoderar sobre este e outros temas sensíveis, criei um podcast semanal. Nele, entrevisto convidados de destaque e trago muitas dicas importantes que podem ajudar você a literalmente revolucionar a sua vida. Confira!

Texto de Cátia Damasceno

Cátia Damasceno é Fisioterapeuta especializada em uroginecologia, coach, palestrante e idealizadora do Programa Mulheres Bem Resolvidas.