Sexo bom é sexo com prevenção. Quando você usa um preservativo, evita uma série de patologias sexualmente transmissíveis e, claro, a gravidez. No entanto, acontece de a camisinha rasgar ou você se esquecer do anticoncepcional. Então, a melhor alternativa é a pílula do dia seguinte.

Você precisa tomar o famoso comprimido e está cheia de dúvidas? Neste post, vou te responder:

  • o que é a pílula do dia seguinte;
  • como usar;
  • qual a sua eficácia;
  • se ela é abortiva;
  • se tem um período prolongado de funcionamento.

Vamos lá?

O que é pílula do dia seguinte?

Em formato de comprimido, a pílula do dia seguinte é um método contraceptivo de emergência, para evitar uma possível gravidez em mulheres que mantiveram uma relação sexual sem anticoncepcional preventivo, como a camisinha ou o anel vaginal. Então, seu uso é apenas para evitar uma gestação que pode vir a acontecer; ela não evita infecções sexualmente transmissíveis (IST) e, por isso, não substitui a camisinha. 

Então, quando usar?

  • quando você se esquece de tomar o anticoncepcional por dois ou três dias, e só se lembra durante a transa;
  • quando você não esperava transar e não estava tomando anticoncepcional;
  • quando o preservativo fura no meio da ejaculação;
  • em casos de violência sexual com penetração. Nesse caso, a mulher precisa pedir ajuda médica e começar um tratamento para evitar qualquer infecção.

Após a transa, a mulher deve procurar uma farmácia logo e comprar uma pílula. O prazo para tomá-la é de até 5 dias após a relação, mas quanto mais rápido, maior a garantia de efeito.

Como usar a pilula do dia seguinte?

No Brasil, a maioria dos comprimidos à venda nas farmácias é composto de Levonorgestrel, vendido em duas cápsulas de 0,75 mg cada.  Dessa forma, você toma um comprimido o mais rápido possível e o segundo 12 horas depois. Existe também a versão de dose única, com um comprimido de 1,5 mg.

Esse medicamento pode ser reutilizado se você transar novamente sem camisinha, porém eu não recomendo de jeito nenhum.

Outro composto famoso é o Ulipristal, que costuma ser vendido em dose única de 30 mg. Ao contrário do Levonorgestrel, ele não deve ser usado mais de uma vez por ciclo menstrual. 

Qual a eficácia da pílula do dia seguinte?

Como dito, depende do prazo em que você ingere o comprimido. Nenhum método anticoncepcional tem 100% de eficácia, nem mesmo o DIU. Mas segundo o MD.Saúde, o Ulipristal apresenta 98,5% de sucesso se tomado no prazo de 5 dias. Já o levonorgestrel tem uma taxa um pouco mais baixa, que vai diminuindo com o passar dos dias:

  • 24 horas após a relação: 95% de taxa de sucesso;
  • entre 24 e 48 horas depois: 85%;
  • entre 49 e 72 horas depois: 58%;
  • quando tomado entre 73 e 120 depois: 15 a 20%;
  • quando tomado após 120 horas: próximo de 0%.

A pílula do dia seguinte é abortiva?

Ao contrário do que muitas pessoas pensam, a pílula não é um método abortivo. Mas como ela trabalha?

A ovulação faz parte do ciclo menstrual. O óvulo maduro é liberado por um dos ovários por volta do 14º dia do ciclo — contado a partir do primeiro dia de menstruação. Então, a pílula altera ou evita essa ovulação.

Se você já tiver ovulado, não há mais o que fazer. Mas já li alguns casos em que ocorre uma gravidez ectópica (a gestação acontece na trompa), porque o remédio diminui a mobilidade das trompas e o óvulo não consegue chegar até o útero. 

A pílula também pode aumentar a quantidade de muco no canal vaginal e no útero, fazendo com que o espermatozoide tenha mais dificuldade de subir até chegar no óvulo. 

E se mesmo assim o espermatozoide alcançar o óvulo? Então, não adianta: o embrião vai começar a se desenvolver até virar um feto.

E nos casos de gravidez ectópica?

Esse fenômeno só é descoberto no ultrassom. Em caso positivo, a mulher terá que fazer cirurgia para retirar, porque a trompa pode se romper e causar uma hemorragia, que pode levar a óbito.

A pílula do dia seguinte vale para o segundo round?

Já me perguntaram se a pílula do dia seguinte valia para uma segunda transa. Por exemplo: a mulher transou, tomou a pílula depois de algumas horas e, algum tempo depois, voltou a transar. Ê, vontade! Eu só consigo responder: amiga, você já ouviu falar em camisinha?

Gente, eu não consigo entender por que algumas mulheres preferem se entupir de pílulas em vez de usar o preservativo, que é mais eficiente e sem efeitos colaterais. Imagina tomar um comprimido toda vez que for transar — gente, é comprimido demais da conta! Além disso, a neura é só de engravidar, mas de IST ninguém tem medo, não é verdade? Gente: sexo sem proteção não é brincadeira. Vamos nos proteger.

Mas, respondendo à pergunta: sim, se você transar pouco tempo depois de tomar a pílula, a proteção ainda vale. No entanto, não é tão garantida quanto no uso convencional.

Tive que tomar a pílula do dia seguinte, mas ainda tomo anticoncepcional. Continuo tomando a cartela?

Sim, mas apenas para saber quando a sua menstruação pode ocorrer. Hormonalmente falando, esse mês é “perdido” — a sua cartela já não fará efeito para a proteção. Portanto, use camisinha, que vai evitar gestação e doenças sem afetar suas taxas hormonais. 

Tomei a pílula e vomitei. Tenho que tomar novamente?

Sim. Provavelmente ela saiu do seu organismo sem fazer o efeito desejado. Então, nesse caso o recomendado é ingeri-la de novo. Mas eu já te disse para não banalizar o uso da pílula do dia seguinte, não é verdade? Algumas literaturas recomendam que a ingestão do comprimido aconteça, no máximo, uma vez ao ano!

Devo tomar a pílula mesmo se estiver menstruada?

Teoricamente, não há necessidade, já que a menstruação é a liberação do endométrio — a camada interna do útero recheada de nutrientes para permitir o desenvolvimento do embrião. Quando não há fecundação, ele é liberado.

No entanto, durante a ovulação pode acontecer de que haja uma perda sanguínea que é facilmenet confundida com a menstruação.Se essa perda ocorrer no meio do ciclo, é recomendado tomar a pílula, já que esse é o momento mais fértil da mulher. Mas se acontecer perto do fim do ciclo, é mais provável que seja de fato a menstruação.

Atenção: a pílula do dia seguinte não deve ser banalizada

Continuando o tópico anterior. Amiga, você só pode tomar a pílula em um momento de descuido, então não leve sua vida sexual com irresponsabilidade. A pílula do dia seguinte é um anticoncepcional de emergência, para quando você não esperava transar ou não estava com uma camisinha (aliás, que tal começar a andar com uma na bolsa? Nada de ficar apenas dependendo do boy). E te digo mais: o preço de uma pílula pode ser até 5 vezes maior que o de um preservativo. 

Só que eu bem você, amiga que não gosta de usar camisinha. Sei que você já está falando as seguintes frases:

  • “Mas Cátia, no posto tem pílula de graça!” — camisinha também! 
  • “Mas o boy não quer usar camisinha!” — minha querida, então troque de boy! Sério, sua saúde é muito mais importante do que um homem que não se preocupa com ela. 

Ok, entendo que você não queira trocar de marido. Então, use outro preservativo, como um anel vaginal, injeção um anticoncepcional oral. O detalhe mais importante é não ficar dependente de pílula do dia seguinte, que é mais prejudicial do que qualquer outro recurso que você utilizar. 

E por que isso?

Porque a pílula é uma bomba hormonal que você joga no seu organismo. Para se ter uma ideia, o conteúdo de apenas um comprimido é o equivalente a meia cartela de anticoncepcional, o que dá uma “desnorteada” no seu corpo. É por isso que usar uma vez só está tudo bem, mas fazer disso um hábito pode afetar sua saúde. Então, eu prefiro não arriscar.

Você sabia que eu já tomei a pílula do dia seguinte e não deu certo?

É verdade! Quando eu tinha 39 anos e 3 filhos, falei com a minha ginecologista que não queria mais engravidar e queria um método contraceptivo mais duradouro do que o uso frequente de camisinha. Na época, eu usava anel vaginal, então ela sugeriu que eu limpasse meu corpo de hormônios e, então, escolheríamos o melhor método para mim.

Em 3 meses, eu tive apenas uma relação sexual sem camisinha com meu marido. Tomei o comprimido 12 horas depois — aquela de dose única, para não correr risco. Bom, a minha pílula do dia seguinte se chama Matheus e é a coisa mais linda do mundo ;). Então, repito: não existe 100% de eficácia, ok?

Quanto mais você usa, menor é o efeito da pilula do dia seguinte

Quanto maior a frequência de uso da pílula do dia seguinte, menor o seu efeito, já que você desregula tanto o seu organismo (hormonalmente falando) que ele não tem tempo de se recuperar para que o remédio faça o efeito desejado. Resumindo: o próprio corpo não sabe se está ou não ovulando.

Além disso,  a alta dose de hormônios pode causar efeitos colaterais, como náuseas, mamas inchadas, mudanças no ciclo menstrual (pode antecipá-lo ou atrasá-lo), dor de cabeça e diarreia.

Viu como a pílula do dia seguinte funciona? Para mais dicas sobre sexo e saúde, continue acompanhando o MBR!

Texto de Cátia Damasceno

Cátia Damasceno é Fisioterapeuta especializada em uroginecologia, coach, palestrante e idealizadora do Programa Mulheres Bem Resolvidas.