Esquerda x direita, flamenguista x vascaíno, religiosa x ateu, ambiciosa x acomodado, reservada x extrovertido… são vários os extremos que vemos se relacionando por aí, e sempre tem alguém que completa com a máxima “os opostos se atraem”. Mas será que isso é verdade? Será que, no fundo, não estamos tratando a outra pessoa como um desafio e, de certa forma, tentando “convertê-la”?

Neste post, vamos descobrir:

  • se os opostos se atraem;
  • como lidar quando você se relaciona com uma “oposta”;
  • o que fazer para ter um relacionamento bem-sucedido.

Continue comigo!

Afinal, é verdade que os opostos se atraem?

Cientificamente, não. Ao contrário: as pessoas tendem a procurar parceiros com características semelhantes. 

Desde a década de 1950, cientistas sociais se dedicaram em mais de 240 pesquisas sobre o que leva uma pessoa a se interessar pela outra. Para ter certeza se os opostos se atraem ou não, pesquisadores dividem as combinações amorosas em:

  • hipótese homogâmica: combinações entre similares;
  • hipótese heterogâmica: combinações entre diferentes;
  • hipótese da complementaridade: combinações entre opostos.

Em 2013, os psicólogos Matthew Montoya e Robert Horton resolveram fazer uma análise dessas análises (meta-análise) e concluíram que a hipótese homogâmica ganha de lavada. Resumindo: há uma “coincidência” indiscutível entre se sentir interessado por quem compartilha dos seus gostos e opiniões. Isso é tão evidente que acontece em inúmeras culturas ao redor do mundo.

Muitas vezes, essa semelhança entre indivíduos de um mesmo par é chamada de “acasalamento seletivo”, que inclui principalmente similaridades em nível de escolaridade, classe social e aparência física.

Mas as pessoas não procuram por características complementares?

A hipótese da complementaridade — em que, por exemplo, uma pessoa tímida procura por uma extrovertida para equilibrar essa característica dela, e vice-versa — parece muito interessante. Além disso, é culturalmente aceita: crescemos vendo novelas e séries em que mocinhas e galãs de características opostas se apaixonavam perdidamente.

Para você ter uma ideia, um estudo realizado pela Universidade de Groningen, na Holanda, revela que 86% dos entrevistados que procuram por um parceiro desejam pessoas com características opostas. No entanto, as pesquisas científicas mostram que a relação entre diferentes é puramente ficcional.

Não há evidências de que as pessoas se atraiam mais por quem tem personalidade ou gostos diferentes aos seus. Como vimos, é exatamente o contrário: quanto mais semelhanças, maior a atração. 

Outro aspecto interessante é que a autoavaliação também influencia na busca por um parceiro semelhante. Por exemplo: se um indivíduo se acha uma excelente companhia e tem uma opinião positiva sobre si mesmo, vai procurar por um parceiro que tenha uma autoavaliação de mesmo nível.

Opostos se distanciam

Com livros, novelas e filmes que atravessaram o tempo contando sobre histórias de amor entre opostos, é normal que assimilemos aquilo como verdade. Além disso, novamente repetimos a hipótese da complementaridade: uma pessoa mais bagunceira pode achar que um parceiro organizado seja a solução para os seus problemas. No entanto, é exatamente o contrário.

Embora o diferente nos atraia, essa “diferença muito diferente” vai nos distanciar com o tempo. O bagunceiro provavelmente verá a organizada como uma controladora, enquanto a mais organizada não entenderá como alguém consegue viver no meio daquele caos. O que era uma simples característica pode virar um motivo para desprezo. Portanto, fica fácil entender o alto número de relacionamentos fracassados entre quem procura por parceiros diferentes.

Por que ainda se insiste no conceito de que opostos se atraem?

A insistência em acreditar que opostos se atraem parece vir daquilo que se acredita como fundamental na sobrevivência pré-histórica — as estratégias para sobreviver e, claro, reproduzir. Homens podiam procriar com diversas parceiras, enquanto mulheres tinham que arcar com os cuidados e tarefas domésticas. 

Com o passar dos anos, principalmente com o aparecimento da monogamia, homens precisavam analisar quais mulheres tinham características reprodutivas. Resumindo, eles avaliavam o físico da mulher para saber se ela tinha capacidade de gerar um filho seu.

Já as mulheres, que investem muito mais de sua vida na gestação, precisariam de parceiros que pudessem arcar com os gastos de uma criança e mantê-las segura. Numa questão evolutiva, homens se interessariam pela aparência, enquanto mulheres preferem segurança.

No entanto, esse tipo de pensamento já é considerado ultrapassado. Provavelmente você conhece homens mais interessados em relacionamentos duradouros e mulheres que se interessam primeiramente pela aparência do parceiro.

Outro fator influenciador é o sociocultural: homens são criados para acumular o maior número de parceiras possível, enquanto mulheres são ensinadas a esperar pelo homem ideal.

Opostos não se atraem, mas se destacam

Um casal pode ser parecido em diversos aspectos, mas uma pequena diferença (que nem é tão “diferente” assim) acaba se destacando num mar de semelhanças. 

Vejamos um exemplo: você e seu namorado são tímidos, mas ele tem mais facilidade de falar em público, enquanto você evita. Dessa forma, ele acaba “reivindicando” o papel de extrovertido no casal, mesmo que não seja, enquanto você assume o outro lado. Portanto, não é que vocês sejam opostos, mas contam com uma pequena diferença nas características semelhantes.

Outro fator é que as diferenças costumam aparecer com o passar dos anos. Você pode ser organizada, mas não guarda a roupa de cama assim que acorda. Perto da sua namorado, que arruma tudo assim que se levanta, você acaba parecendo “bagunceira”.

Concluindo, não é verdade que opostos se atraem, mas que “iguais” acabem se tornando “diferentes” com o tempo.  No fim, sempre procuramos por semelhantes.

Namoro uma pessoa “oposta”. O que fazer?

Opostos se atraem, mas dificilmente se entendem. Isso porque em qualquer relacionamento é necessário encontrar pontos de convergência.

No entanto, se o seu namoro vai bem, não há motivos para se preocupar no momento. Empatia, reconhecimento do outro e desejo de um futuro juntos são fatores mais importantes que picuinhas diárias. Talvez vocês não sejam tão diferentes assim, não é verdade?

No entanto, se o desgaste já existe, é hora de parar para analisar. Num relacionamento, é importante que os dois se sintam reconhecidos. Então, analise:

  • Você é valorizado ou valoriza seu parceiro?
  • Caso contrário, você está disposto a mudar?
  • Essa relação faz você feliz?

Se a maioria das respostas for “não”, é melhor avaliar o futuro da relação.

O que um relacionamento precisa ter para ser bem-sucedido?

Ok, você já percebeu que, por mais que digam que opostos se atraem, o que os indivíduos realmente procuram é por semelhantes. Mas, obviamente, relacionar-se com alguém parecido não é garantia de um relacionamento de sucesso. Então, o que é preciso fazer para um namoro dar certo? Vamos conferir:

Atitude positiva

Sim, pode parecer óbvio, mas você precisa acreditar no seu relacionamento. Porém, essa atitude positiva deve ser levada em todos os aspectos da sua vida.

Uma pessoa otimista (e não estamos falando de “iludida”, mas que acredita que coisas boas podem acontecer) tende a ter relacionamentos mais bem-sucedidos. Isso porque ela é menos predisposta a brigar por bobagens.

Outro detalhe é que pessoas positivas ficam felizes pelo seu parceiro — e como já conversamos, em um relacionamento é essencial valorizar o outro. A forma como um indivíduo reage às conquistas do outro faz toda a diferença no andamento da relação.

Amizades fora do relacionamento

Uma vida fora do namoro é essencial para a autoestima do indivíduo. Além disso, essa independência aumenta a admiração de um pelo outro. 

Ter familiares e amigos na sua vida também faz com que você exija menos emocionalmente de seu parceiro, e vice-versa. Pessoas novas trazem novos assuntos, aumentam o círculo de amizades e deixam o relacionamento menos cansativo. Afinal, mesmo que seu parceiro ame você, ele não quer ficar o tempo todo grudado, não é verdade?

O esforço para manter outras amizades aumenta a qualidade e a duração do seu relacionamento.

Comunicação clara

Muita gente acha que o parceiro vai perceber que algo está errado quando recebe um tratamento mais seco. E isso é verdade, mas o problema não é saber que algo está errado, e sim o quê. Resumindo, se você não disser que algo está incomodando, dificilmente seu parceiro vai saber.

Conflitos de comunicação causam relacionamentos infelizes. Você deve confiar no seu parceiro a ponto de se sentir à vontade para dizer tudo o que incomoda. E isso também deve ocorrer no oposto: se algo lhe faz feliz, por que não contar a ele?

Problemas de comunicação que podem acabar com seu relacionamento vão desde questões mais óbvias e simples até problemas mais complexos. Se você deseja discutir com seu namorado, comece preparando seus argumentos. Assim, vai se sentir mais segura.

Novas atividades

Você já reparou que tende a se acomodar quando está namorando, mas é mais espontânea enquanto solteira? Embora seja boa, a rotina também pode ser tediosa e afundar um relacionamento.

Casais que experimentam atividades novas juntos, tendem a ser mais felizes. Afinal, eles estão experimentando uma novidade e dividindo com alguém que amam. Além disso, tiram o relacionamento da estagnação. Consequentemente, os níveis de satisfação e de percepção do amor tendem a ser maiores.

Sexo

Estudos já comprovaram que quanto mais sexo um casal faz, melhor o relacionamento. Segundo uma série de quatro artigos publicados pela revista Personality and Social Psychology Bulletin com participantes americanos e suíços, uma boa frequência de atividades sexuais aumenta o afeto e a intimidade entre o casal.

Detalhe: isso independe do tempo de união. Tanto o namoro recente quanto o casal já estabilizado e com filhos se beneficia dessa frequência. Portanto, transar de 2 a 3 vezes por semana vai fazer toda a diferença no seu relacionamento.

Diferentes ou não, o importante é que um relacionamento tenha dinâmica e química, e que o amor entre os dois seja recíproco, isto é, que tenha o equílibrio perfeito para durar anos e anos.

E então, conseguiu tirar suas dúvidas com o post? Então continue aqui no blog e confira outros artigos que também vão ajudá-la a entender melhor os relacionamentos!
Super beijo!

Texto de Cátia Damasceno

Cátia Damasceno é Fisioterapeuta especializada em uroginecologia, coach, palestrante e idealizadora do Programa Mulheres Bem Resolvidas.