O universo BDSM (bondage, disciplina, dominação, submissão e sadomasoquismo) ainda é considerado um tabu e algo quase inacessível para a maioria das pessoas. Devido a filmes como 50 Tons de Cinza, a prática ficou estereotipada, dando ênfase somente a dor, ao medo e esquecendo da excitação e do desejo. Quem é adepto do BDSM procura prazer de uma forma diferente do convencional, por isso geralmente é alvo de preconceito. No texto de hoje vou desmistificar um pouco desse universo e explicar o que é bondage e dominação. Ficou curiosa? Leia o texto até o final.

Hoje vamos abordar os seguintes tópicos

  • Bondage
  • Dominação
  • Desmistificando o BDSM

Bondage

A palavra bondage vem do inglês e francês e significa escravidão ou cativeiro. Mas atualmente quando usamos essa palavra nos referimos a prática sexual do BDSM. Ela consiste em imobilizar o corpo da pessoa com quem você está fazendo sexo. As ataduras podem ser feitas em apenas uma parte do corpo deixando o resto livre ou imobilizando todo o corpo. Para fazer os nós e laços são utilizadas cordas, fitas, correntes, diferentes tipos de pano, algemas ou qualquer elemento cotidiano que possa servir para restringir os movimentos. É costume também usar mordaças para que a pessoa não possa falar e só poder fazer ruídos e sons com a boca; ou usar vendas para que você não veja nada acontecendo ao seu redor.

Fonte de prazer

Essa prática é considerada estética-erótica e está dentro do contexto de dominação. Diferente do sadomasoquismo, no bondage a fonte de prazer não é a dor. Nesse caso, o prazer do bondage reside no domínio da outra pessoa, que fica completamente à mercê daquele que o amarrou. É necessário ressaltar que, para realizar o bondage, é vital que haja uma grande confiança e respeito mútuo entre os dois parceiros.

Como é praticado?

Antes de começar a praticar o bondage, é necessário que você e seu parceiro tenham falado e tenham certeza de que desejam fazê-lo e que existe confiança suficiente entre vocês para a prática.

Não é recomendado fazer essa prática sexual com alguém que não conhece ou com quem conhece muito pouco. Porque, embora não seja perigoso, você será imobilizado e ficará sem defesa.

O segundo passo é concordar. Você tem que conversar com seu parceiro sobre tudo o que espera e o que ele espera, sem vergonha ou rejeição. Indique claramente o que deseja.

A próxima coisa que você precisa fazer é escolher um papel. Nesse caso, existem duas opções possíveis, ou você amarra ou é amarrada. Se você é a que amarra, irá  definir as regras, enquanto que se você estiver atada, você terá que obedecer e cumprir tudo o que seu parceiro lhe diz. Viva o seu personagem. Ou seja, qualquer papel que tenha jogado, viva-o ao máximo. Não há nada de errado para que possa desfrutar de novas sensações e descobrir coisas novas.

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Segurança

É importante que você tenha algumas palavras de segurança. É altamente recomendável que seu parceiro e você tenham códigos na forma de palavras que indicam que a pressão das cordas é muito forte, que você não concorda com algo ou que está tendo algum tipo de dor.

Precauções

Por exemplo, o pescoço, você não deve passar a corda através dele, uma vez que o bondage se tornaria perigoso. É necessário que os laços não sejam muito fortes e que eles não cortem a circulação do sangue.

É altamente recomendável ter um par de tesouras na mão. No caso de as cordas ou o que você usou nas ligações estiverem espremendo demais, é melhor ter uma tesoura à mão que pode cortá-las e assim evitar qualquer tipo de dano rapidamente.

Objetos para bondage

O mais comum é usar cordas, mas se você não gosta da ideia ou não as tem em casa, você pode usar outras coisas como gravatas, pedaços de tecido …  E o mais importante de tudo: use sua imaginação. Crie um cenário que agrada a ambos e que você seja personagem dentro dele. Lembre-se de que a servidão é usada para desfrutar e abrir novos horizontes.

Dominação

A Dominação e submissão são práticas  ligadas ao universo BDSM. Também conhecido como D/S , é a forma de se denominar uma relação desigual estabelecida entre duas pessoas, onde todo o poder é dado ao dominante e cabe a parte submissa obedecer por livre e espontânea vontade, realizando tarefas e obedecendo ordens que podem ou não ter conotação sexual. A dominação pode ser físicaou mental.

A relação

Dentro da relação de dominação, o sadismo e o masoquismo podem existir, não sendo necessariamente os ingredientes principais da relação. Na maior parte das vezes, há uma relação de afeição, baseada no prazer de se doar pelo submisso(a) e no de comandar pelo(a) dominante, sendo muito comum que essa relação seja meio confusa no início, mas é importante que o submisso atenda o dominador sempre.

Na relação de dominação o homem é chamado  de DOM e as mulheres DOMMES. As submissas são chamadas de Sub. Além desses apelidos é comum dominadores se auto denominarem com títulos de nobreza, tais como Sir, Lord, Rainha, ou por Mestre, senhor, dono(a) entre outras. Os indivíduos submissos também podem se auto denominarem de várias formas desde as mais humildes como servo(a),escravo(a), cadela, verme, até as mais vulgares para os que gostam de ser humilhados.

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O limite de prazer e dor

Quando falamos sobre BDSM, parece muito fácil entender a pessoa que adquire o papel dominante e como pode ser erótico ter o poder de uma situação. Por isso, entender o papel do submisso e como tais situações podem excitar sexualmente alguém é mais complicado.A linha de prazer e dor é muito tênue, fisiologicamente falando. O que os separa, basicamente, é a interpretação que damos a essas sensações orgânicas. O medo, produzido pelas humilhações e as atitudes de dominação, provoca uma adrenalina automática, que é responsável pela excitação sexual.

A dor produz endorfinas, que também estão presentes no orgasmo. No entanto, a própria dor não produz prazer erótico, mas se for acompanhada por dopamina, que é gerada pela atração sexual, elas se tornam uma mistura explosiva que pode causar um prazer súbito.

Formas de dominação

Existem muitas maneiras de “dominar” alguém e cada relacionamento BDSM é diferente. Existe a idéia equivocada de que a dominação está ligada a uma dor física, mas não precisa ser assim. Por exemplo, pode incluir tarefas domésticas, lição de casa, adoração, massagem, bondade. Dominar não é apenas “punições” e obrigações. É muito importante recompensar um submisso quando ele se comporta bem.

Um jogo de dominação pode ser parte das preliminares ou, em muitos casos, pode nem ter sexo convencional. Às vezes não há nem mesmo contato físico entre dominante e submisso, como no caso da dominação virtual.

Cuidados

BDSM é o lugar ideal para os abusadores, uma vez que eles podem se camuflar perfeitamente e tirar proveito das pessoas que não conhecem os relacionamentos dentro desse mundo. Há muitas garotas que acabaram com problemas psicológicos porque têm um relacionamento sexual com alguém que era um falso “dominante”. Mas como identificar um abusador?

Se quiser mergulhar totalmente no BDSM e quer encontrar uma pessoa que lhe permita experimentar, você deve fugir de todos aqueles que acreditam que a dominação é feita somente para comandar ou obrigar. Se ele se limitar a pedir uma obediência desde o início e não lhe perguntar sobre seus limites, fuja. Uma pessoa dominante não pode fazer nada se não souber os limites da outra.

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Entenda o que é sadomasoquismo — de verdade!

Você já se sentiu satisfeita depois do sexo, com aquele sorriso de orelha a orelha, com o corpo relaxado? Se a resposta for negativa, você e seu parceiro ainda não encontraram a fórmula certa. Mas isso não quer dizer que vocês são incompatíveis na cama. Calma! Talvez somente precisem sair um pouco da zona de conforto e tentar algo mais quente, mais intenso.

E é aí que entra o sadomasoquismo. Essa expressão é a junção de duas palavras: sadismo, que é o prazer em ver o outro sofrer; e o masoquismo, que é sentir prazer quando sofre. O mais comum é interpretar que existirá alguma violência física, machucando o parceiro, mas não é nada disso.

Para praticar o sadomasoquismo é preciso compreender que trata-se de um jogo, um acordo entre os parceiros. Pode ser algo feito no dia a dia sexual do casal ou, ainda, uma forma de quebrar a rotina. O mais importante é compreender que um dominará e outro será dominado, mas sempre de forma consensual. Então, se você quiser fazer alguma brincadeira nesse sentido com o namorido ou maridão, dê um jeito de avisar ou insinuar antes, para não causar nenhum tipo de desconforto.

Esqueça a palavra vergonha e faça!

Nem tudo começa na hora de tirar a roupa ou apenas quando se beija o marido ou namorado. Para praticar o sadomasoquismo, comece seu dia planejando uma escapada na hora do almoço ou qualquer horário em que os dois estarão disponíveis para levar seu parceiro para um sex shop, por exemplo! Ou,
se ainda ele se sentir um pouco desconfortável, leve-o até uma loja para escolher a lingerie que você vai usar mais tarde. Essa é uma forma bacana de preparar o clima e não constranger quem nunca teve esse tipo de prática.

As clássicas amarras, algemas e vendas são ótimas também para começar. Quando privamos o parceiro de ver o que está acontecendo outros sentidos afloram, por exemplo a sensibilidade ao toque, carícias e insinuações em pontos estratégicos. Tudo isso eleva ao máximo o tesão. Aproveite e explore todos os sentidos: o paladar, a audição. Faça coisas inesperadas! Outra dica legal é usar gelo ou
bebidas geladas.

Acima de tudo: não tenha pressa! Sinta o corpo, a respiração um do outro, o beijo demorado, o calor dos lábios, provoque arrepios, aproveite ao máximo cada toque, cada suspiro. Deixe a vergonha de lado e encare um personagem, deixando aflorar todos os seus desejos, sempre respeitando as regras de segurança.

Quando falamos em nossos posts para sair da rotina na hora do sexo, muitas mulheres já pensam em surpreender o maridão com sexo no elevador, no corredor do prédio ou outro lugar onde a adrenalina de ser pego vai às alturas. Contudo, para você que ainda não se vê confortável com essa ideia, explore todos os quatro cantos da sua casa. A cozinha, por exemplo, é um ótimo lugar, com vários objetos à disposição. Amarrar o parceiro a uma cadeira e usar a espátula para dar uns tapinhas é ótimo para entrar no clima. Além disso, pense também em sexo anal, que é uma das formas mais comuns de se iniciar.

Praticantes do sadomasoquismo adoram brincar com cera quente de vela, mas quem não é muito chegado, pode arriscar aquelas famosa cravada de unha nas contas ou mordidas. Aposto que o seu gato vai adorar mostrar esse troféu para os amigos no dia seguinte.

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A cumplicidade é a palavra-chave no sadomasoquismo

Com o sadomasoquismo, o casal aprende a prestar mais atenção um no outro e a conversar. Isso acontece porque essa prática exige que ambos saibam muito bem quais limites ultrapassar ou não, além de compreenderem o que fazer para se chegar ao orgasmo.

Uma conversa aberta e franca entre os parceiros é essencial para que tanto ela quanto ele consigam encontrar o ponto de equilíbrio e satisfação sexual em uma prática sadomasoquista, seja ela frequente ou feita apenas para quebrar a rotina.
Por isso, é importante também o autoconhecimento. Saber o que traz prazer é fundamental para entender o que não causa desejo ou tesão. Somente dessa forma é possível garantir a cumplicidade e compreender como ter uma prática sadomasoquista que traga satisfação sexual para ambos.

Atenção: sexo (e qualquer outra coisa) não consensual
não é sadomasoquismo!

Você já deve ter ouvido alguma história de uma amiga, ou até mesmo em filmes, que falar sacanagem ou inventar historinhas picantes na hora do rala e rola, quando o clima está lá nas alturas, é bom! Sim, é ótimo! Mas para você que está ingressando nesse mundo agora, entenda: tudo o que agredir ou
constranger não é bacana.

Por isso, é sempre indicado combinar uma senha com seu parceiro para quando tiver que realmente parar, porque na prática do sadomasoquismo nem sempre um não quer dizer não. Aliás, o não pode apimentar ainda mais o clima. Dessa forma, definam uma palavra, que pode ser qualquer uma, desde avião até zebra.

Isso é importante porque a prática sadomasoquista não pode, de forma nenhuma, ser um estupro ou causar desgosto a qualquer um dos parceiros.

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Desmistificando o BDSM

Viu como essas práticas não são tão estranhas como muita gente pensa? Se você acredita que sua relação está monótona ou simplesmente quer fazer algo diferente com o seu parceiro, por que não tenta experimentar um pouco dessa prática? Vocês podem combinar os limites e o papel de cada um e depois aproveitar. Lembre-se de que entre quatro paredes vale tudo. Divirta-se!

Gostou do texto? Se ficou com alguma dúvida em relação à prática BDSM, pode me enviar! Vou ter o maior prazer em responder. Está gostando da Semana do Sexo? Amanhã é o grande dia e sabe o que eu vou ensinar para vocês? Um striptease super fácil, mas que você vai parecer uma profissional fazendo! Não perca!

Super beijo!

Texto de Cátia Damasceno

Cátia Damasceno é Fisioterapeuta especializada em uroginecologia, coach, palestrante e idealizadora do Programa Mulheres Bem Resolvidas.