Todo mundo passa por momentos de ansiedade – quando precisa apresentar um projeto, quando fala em público ou quando passa por uma entrevista de emprego. No entanto, para algumas pessoas, ser ansiosa se torna tão frequente que começa a tomar conta de suas vidas. Como você pode saber se sua ansiedade cotidiana cruzou a linha de um transtorno? O que fazer para superar e deixar de ser ansiosa? No texto de hoje, vou explicar um pouco sobre esse problema e dar algumas dicas para você deixar de ser uma pessoa ansiosa.

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No texto de hoje vamos falar sobre:

  • Ansiedade normal x ansiedade crônica
  • Tipos de transtorno de Ansiedade
  • Sintomas
  • Causas
  • Tratamento
  • 7 atitudes para você deixar de ser uma pessoa ansiosa
  • Faça tudo no seu tempo

Ansiedade normal x ansiedade crônica

Você fica com um frio no estômago antes de um evento importante? Preocupada se vai cumprir um prazo? Nervosa sobre um procedimento médico? Se assim for, você é como a maioria das pessoas que se preocupam com grandes eventos (como ter um filho, fazer um exame ou comprar uma casa) ou com  problemas práticos (como dinheiro ou condições de saúde). É algo normal. Da mesma forma, não é incomum ter medos sobre certas coisas (como aranhas, injeções ou alturas) que fazem com que você sinta algum medo, preocupação e/ou apreensão.

No entanto, não é comum alguém não sair de casa por longos períodos de tempo porque tem medo de estar na multidão ou porque lembra de um evento traumático passado. Isso não é um “sentimento ou experiência normal”. Quando isso acontece, podemos estar diante de um transtorno de ansiedade.

Existem vários distúrbios relacionados à ansiedade. Em geral, eles são caracterizados por preocupação, nervosismo ou medo que são contínuos, excessivos e têm efeitos negativos na vida de uma pessoa. Pode ser complicado decidir quando a ansiedade é típica ou ligada a um transtorno, e é por isso que os diagnósticos devem ser feitos por profissionais licenciados, como psicólogos ou psiquiatras.

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Tipos de transtorno de Ansiedade

Existem muitos distúrbios relacionados à ansiedade, esses são os principais:

1) Síndrome do pânico (com ou sem agorafobia)

É caracterizado por fortes sensações de que está para morrer, como se estivesse tendo um ataque do coração; ou então, sente que está perdendo o controle, que está enlouquecendo ou perdendo a consciência. Após ter uma crise de pânico, um ciclo pode ser criado, com o medo de ter um novo ataque de pânico, uma ansiedade de ter uma nova crise de ansiedade.

2) Transtorno de ansiedade generalizada

O transtorno de ansiedade generalizada ou simplesmente TAG é caracterizado pela preocupação excessiva e incontrolável sobre eventos e atividades e possíveis resultados negativos. No fundo, o medo na ansiedade generalizada é de um final catastrófico para as preocupações ou situações que são sentidas como ameaças.

3) Fobia social

A fobia social (ou a ansiedade social) é um dos tipos de ansiedade mais comuns e acontecem sempre em situações públicas. Pode ser uma apresentação oral em uma reunião, palestra ou seminário, ou pode ser em uma conversa informal. A pessoa com fobia social sente uma grande ansiedade em situações sociais, como se estivesse para ser avaliada negativamente, humilhada ou constrangida.

4) Transtorno obsessivo-compulsivo

Os transtornos obsessivo-compulsivos são caracterizados por pensamentos repetidos e persistentes (“obsessões”) que normalmente causam sofrimento; o indivíduo tenta aliviar executando repetidamente ações específicas (“compulsões”). Exemplos de obsessões comuns incluem: medo de não fazer as coisas de uma maneira particular e resultar em danos a si ou aos outros, ansiedade extrema por estar suja ou contaminada por germes, preocupação em esquecer de fazer algo importante que pode resultar em resultados ruins ou obsessões em torno da exatidão ou simetria. Exemplos de compulsões comuns incluem: verificar (por exemplo, se a porta está trancada ou com um erro), contar ou pedir (por exemplo, dinheiro ou utensílios domésticos) e realizar uma ação mental (por exemplo, orar).

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5) Transtorno de estresse pós-traumático

O Transtorno de estresse pós-traumático ou TEPT é causado por um trauma, por um evento terrível que realmente aconteceu na história do indivíduo. A ansiedade, então, advém de medo de pensamentos, lembranças ou sintomas relacionados com a experiência traumática.

Sintomas

Embora existam vários tipos diferentes de transtornos de ansiedade, cada um com características únicas, existem alguns sintomas comuns que podem ser um indício de que alguém está sofrendo de um transtorno de ansiedade:

  • Ansiedade excessiva ou preocupação com eventos futuros. Alguns exemplos podem ser situações sociais, demandas de trabalho ou separação de pessoas ou afastamento de lugares “seguros”, como pais ou lares.
  • Sentimentos de pânico e reações fisiológicas associadas (suor das mãos, coração acelerado, respiração pesada) em certas situações.
  • Distúrbios do sono relacionados à ansiedade ou preocupação.
  • Dificuldade em se concentrar como resultado da ansiedade ou preocupação.
  • Sinais gerais de angústia, como negligência com a higiene pessoal, ganho ou perda de peso, declínio no desempenho no trabalho ou na escola, grandes mudanças no humor ou afastamento de atividades ou relacionamentos.

Causas

As causas da ansiedade podem ser várias ou simplesmente sem qualquer razão lógica. De fato, os cientistas ainda não conseguiram definir uma causa exata, mas alguns dos fatores que podem influenciar seu desenvolvimento são:
Fatores biológicos hereditários (outros familiares sofrem).

Ambiente familiar

Desequilíbrio em nossos neurotransmissores devido à falta de sono, não comer corretamente ou níveis excessivos de estresse.

Situações de crise, mudanças radicais ou problemas difíceis pelos quais estamos passando agora; por exemplo: um divórcio, a morte de um parente, uma mudança de casa, um casamento recente ou um novo filho.

  • Eventos traumáticos
  • Estresse diário
  • Inconformidade com sua situação de vida atual
  • Problemas cardíacos como as arritmias cardíacas
  • Doenças hormonais como hipertireoidismo ou o hiperadrenocorticismo
  • Problemas respiratórios como doença pulmonar obstrutiva crônica
  • Dores crônicas
  • Abuso de drogas, álcool ou medicações como os benzodiazepínicos

Tratamento

Dependendo do tipo de ansiedade, o tratamento através de medicamentos pode ser o mais indicado para começar, enquanto que em outros casos, a psicoterapia – aliada ou não ao tratamento com remédios – será o mais indicado.

No entanto, é imprescindível procurar um médico para diagnosticar os problemas e indicar o tratamento específico para cada caso. Nunca tente se automedicar, uma medicação errada pode afetar seriamente sua saúde e até piorar o problema.

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7 atitudes para você deixar de ser uma pessoa ansiosa:

1. Aceite a ansiedade, seja um observador imparcial

A ansiedade é prejudicial, sabemos disso e é por isso que queremos eliminá-la. Portanto, é normal que nosso primeiro impulso seja negá-la e rejeitá-la. No entanto, o paradoxo é que, quanto mais tentamos combater a ansiedade, mais sobrecarregadas nos sentimos. Quando negamos uma emoção ou sensação, ela cresce.

Não tente negar a ansiedade que você experimenta, apenas esteja ciente de sua existência. Quando você não foge de uma emoção ou de rótulos como “negativo”, você pode se distanciar emocionalmente do problema e recuperar o controle de si mesma.

2. Elimine a correria da sua vida

A maioria das pessoas ansiosas se movimenta continuamente de um lugar para outro, come em pé, sem se sentar à mesa e realiza tarefas diferentes de uma só vez. Seu computador, por exemplo, geralmente é um caos composto de janelas diferentes e programas abertos. E é isso que expressamos para o exterior, não é mais do que o reflexo da nossa mente. Como resultado, o cérebro responde aumentando ainda mais os níveis de cortisol e adrenalina, o que gera mais ansiedade.

A solução está em cortar esse círculo vicioso. Diminua o ritmo e, acima de tudo, dê uma ordem para as tarefas que você deve fazer ao longo do dia e priorize as mais importantes. Você verá que consegue fazer muito mais, com menos estresse.

3. Não deixe tarefas pendentes

Uma das coisas que aumenta nosso estado de ansiedade é saber que temos tarefas pendentes. De fato, não são as próprias tarefas que nos desgastam e nos exaurem, mas o constante lembrete mental de que devemos fazê-las.
Lembre-se de que a maneira como você organiza seu dia afetará seu estado mental. Portanto, não deixe que as tarefas se acumulem porque se você as deixar para o último momento, estará apenas contribuindo para aumentar seu nível de ansiedade. Aprender a organizar sua vida permitirá que você elimine uma grande fonte de ansiedade: as tarefas pendentes e aquelas que roubam sua energia sem fornecer qualquer recompensa em troca.

4. Questione seus pensamentos negativos

A mente de uma pessoa ansiosa é a sua pior inimiga. De fato, a ansiedade cresce devido aos pensamentos irrealistas que a pessoa desenvolve. Portanto, é essencial que você aprenda a detectá-los e interromper seu curso.

O mais comum é que a pessoa ansiosa responda de maneira exagerada às situações do seu cotidiano. Faz uma tempestade em um copo de água, pensa que um simples erro terá consequências terríveis. Dessa forma, adiciona tensão desnecessária a sua vida. Portanto, é importante que você comece a questionar esses pensamentos catastróficos que não se ajustam à realidade.

Pergunte a si mesma: essa preocupação é realista? Quais probabilidades existem para serem cumpridas? Qual é o pior que poderia acontecer? Como eu poderia lidar com isso?

5. Viva o “aqui e agora”

A pessoa ansiosa tende a viver entre o passado e o futuro. Ela se culpa pelo que aconteceu e se preocupa ou fica assustada com o que pode acontecer. Assim, enche seu presente de ansiedade. De fato, a ansiedade frequentemente surge precisamente daquelas preocupações sobre o futuro. A pessoa ansiosa sofre uma espécie de obsessão pelo futuro, pensando em todos os desastres que poderiam acontecer.

No entanto, para combater a ansiedade, é importante aprender a se concentrar no presente. Respire, olhe ao redor eperceba que nada de ruim está acontecendo agora. A prática da atenção plena pode ajudá-la a atingir esse objetivo. Você nem precisa meditar, você apenas tem que aprender a focar no aqui e agora, na experiência que está vivenciando, sem criticá-lo e sem deixar sua mente vagar pelo futuro.

6. Faça exercícios físicos

Uma das melhores estratégias para combater a ansiedade e o estresse é fazer exercícios físicos. Não é necessário que você dedique muito tempo, apenas meia hora todos os dias será o suficiente.

De fato, um estudo realizado na Universidade de Princeton descobriu que a prática regular de atividade física faz com que o cérebro resista melhor ao ataque do estresse porque ocorre uma reestruturação em um nível funcional. Na prática, o esporte interrompe a atividade dos neurônios do hipocampo ventral, que são os principais responsáveis por ativar as áreas do cérebro ligadas à resposta, ao estressee à ansiedade.

7. Relaxe e respire

Técnicas de relaxamento são muito eficazes no combate à ansiedade. Uma das mais comuns é a de tensionar cada um dos grupos musculares, depois relaxá-los suavemente. Se você sofre de ansiedade, é provável que você tenha uma grande tensão no corpo, especialmente na região das costas e entre as sobrancelhas.

Essas técnicas devem ser acompanhadas de boa respiração. Embora não tenhamos consciência disso, a respiração é um processo muito importante através do qual a mente obtém um feedback de nosso estado. Quando respiramos rápida e superficialmente, nosso cérebro entende que algo não está indo bem e que podemos estar em perigo, o que aumenta o nível de ansiedade. Quando respiramos lenta e profundamente, todas as funções corporais, incluindo o batimento cardíaco, são estimuladas e é mais fácil relaxar.

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Faça tudo no seu tempo

Você não vai deixar de ser uma pessoa ansiosa da noite para o dia, porém, pode diminuir os sintomas e melhorar aos poucos se seguir as dicas acima. Faça tudo no seu tempo, sem pressa e você verá, em pouco tempo, os resultados. Se o seu caso for extremo, procure um médico para tentar auxiliá-la e indicar um tratamento adequado. Não sofra calada, procure e peça ajuda.

Texto de Cátia Damasceno

Cátia Damasceno é Fisioterapeuta especializada em uroginecologia, coach, palestrante e idealizadora do Programa Mulheres Bem Resolvidas.